sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Os preconceitos que se retirem : Thati Piancastelli


A revista virtual Garotas Estúpidas, traz na capa da edição de setembro, a atriz, ativista, e mulher de fibra Thati Piancastelli. Em algumas postagens anteriores já falamos sobre ela. Desta vez, por meio desta matéria da GE, queremos evidenciar e retomar o tema das paralimpíadas de Tóquio de 2020, "foco na eficiência e não da deficiência", frase que a Thathi representa muito bem. Vamos a matéria cujo título é "Não sou um anjinho".

Tathi Piancastelli é uma mulher como qualquer outra: bem-resolvida, que ama dançar e beber Cuba Libre. Mas por que ainda assim é tratada como especial e diferente? Já imaginou ser uma mulher com uma carreira consolidada, dona de um prêmio internacional e palestrante da ONU, mas, mesmo assim, ser tratada só como ‘anjinho’? Esse é um dos dilemas de Tathi Piancastelli, de 37 anos e a nossa nova capa da revista digital Garotas Estúpidas. 

O currículo dela é de orgulhar qualquer um: protagonista e escritora da peça Menina Dos Meus Olhos, que venceu como melhor espetáculo brasileiro apresentado nos Estados Unidos no Brazilian Press Award 2017; co-escritora do espetáculo solo Oi, Eu Estou Aqui; inspiração para personagem da Turma da Mônica; influenciadora digital; palestrante; representante do Instituto MetaSocial e muito mais! Deu até para perder o folêgo só de ler tudo isso, certo?

Tathi tem síndrome de Down. E isso não faz as conquistas acima mais importantes ou significativas que as de outras pessoas. E muito menos são exemplo de superação. Colocá-las nesse patamar, por melhor que seja a intenção, é reproduzir um comportamento capacitista (discriminação de pessoas com deficiência). Já que isso é como reduzir a trajetória da atriz a apenas um aspecto de sua vida.  Tudo o que ela conquistou é fruto de muito esforço, dedicação e trabalho. Nada veio de bandeja. “Eu não gosto de ser tratada como especial. Essa coisa não é legal”, comentou ao GE. 

“Estou cansada de ouvir muitas coisas negativas. Para mim, preconceitos ou falas negativas sobre síndrome de Down não me atingem mais. Antes, eu ficava muito triste ao ver essas coisas, mas não sou mais assim. Eu mudei. Eu tenho muito orgulho de mim. E aí vou perder tempo lidando com as críticas? (Os haters) podem ir para lá”, explicou. Ainda, garantiu: “As pessoas preconceituosas que se retirem. Porque eu não estou desse lado. Antes, as pessoas com preconceitos me magoavam muito. Hoje, não. Qual é animal forte que ruge? É o leão, né? Eu me refiro a mim como um leão. Hoje, eu sou mais forte. A quem fala: ‘Ah, que anjinho, etc’, chega! Não quero mais ouvir isso. Eu sou forte como um leão”. Tathi dá um conselho poderoso: “Tem pessoas que desistem muito fácil das coisas. Tem mulheres que desistem das suas próprias coisas. Se eu pudesse dar um recado a vocês, é: sejam vocês mesmas. A palavra desistir não existe no meu vocabulário. Não desista de onde você quer trabalhar, de organizar os seus sonhos”. “Eu sou uma mulher adulta, trabalho. Luto como um leão. Eu vi um filme no avião chamado Mulan, que é uma guerreira. Eu sou metade Mulan e metade leão, porque eu não desisto fácil das coisas que faço. Não existe ‘não’ no meu vocabulário”, completou. Retomando o início do texto, a atriz está longe de ser um anjinho. Ela é apenas Tathi. Como ela disse na entrevista: “Eu gosto como eu sou, foi como eu nasci. Ser diferente é normal”. Que essa lição fique coladinha no nosso peito e possa nos inspirar por muitos e muitos anos!

Texto disponível em: https://www.garotasestupidas.com/nao-sou-um-anjinho/
Texto: @amabilereis

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