terça-feira, 20 de agosto de 2019

Inclusão leva à Universidade. E além.



Por Patricia Almeida via Movimento Down

A cada novo vestibular vem aumentando o número de jovens com síndrome de Down que entram no ensino superior, o que muitos imaginavam impossível há poucos anos. 

Mais do que um rito de passagem, o sucesso acadêmico destes jovens, ao mesmo tempo que traz uma onda de otimismo e euforia para familiares e professores – e os próprios alunos com síndrome de Down – reforça duas certezas que nós mães e pais desses alunos temos: nada é impossível e o único caminho que levará nossos filhos a atingirem toda a sua potencialidade é a inclusão.

Muitos deles frequentaram escolas comuns. Tinham em seus companheiros estímulo para se esforçarem, como conta a mãe de Jessica, Ana Claudia Figueiredo: “Acho que por ela ter estudado em um regime de ensino regular, sempre conviveu com esse ambiente já no colégio. Por isso se interessou muito em prestar vestibular”. Que motivação teriam se estivessem em escolas especiais, onde as expectativas são muito menos ambiciosas?

Não quero dizer com isso que todos os jovens com síndrome de Down devam ter como objetivo de vida chegar à universidade, nem que os que passaram por essa etapa sejam melhores do que os que não tentaram ou tentaram e não conseguiram. Afinal, quantos jovens brasileiros sem deficiência não passam no vestibular por falta de oportunidade, interesse ou qualquer outro motivo, e nem por isso são piores ou melhores do que outros jovens? Mas com a oportunidade de estudar, o indivíduo vai descobrindo o mundo, conhecendo novas pessoas, encontrando seus talentos, desenvolvendo todo o seu potencial para direcioná-lo para um trabalho que o complete e satisfaça, alcançando assim uma vida produtiva e feliz.


Além disso, é muito importante para as famílias, professores e a sociedade em geral, saber do potencial das pessoas com síndrome de Down para que não hesitem em investir na educação delas e desconstruam a antiga noção de que pessoas com deficiência intelectual são incapazes de aprender.

A mensagem que quero deixar é que SIM, vale a pena investir na educação regular de alunos com síndrome de Down. Há desafios, mas comprovamos dia após dia que, com vontade e bons professores, os obstáculos vão caindo um a um. Nossos filhos têm o mesmo direito que qualquer estudante a receber uma educação de qualidade na escola regular pública ou particular. A nós pais, cabe garantir que esse direito seja exercido, com o apoio do Ministério Público, se for necessário.

O caminho nem sempre é fácil, mas, como nossos filhos, precisamos ser perseverantes e confiar em nossas convicções.

Nenhum comentário:

Postar um comentário