De onde provém o nosso impulso para aprender a ler e a escrever? Ler e escrever são expressões de duas qualidades inerentes da alma humana. Não o ato de ler livros, mas ler em tudo o que existe, na natureza, no sorriso da mãe, nos gestos do pai, nos sons, nos sentimentos, ler em todas as qualidades que se encontram na Terra.
Escrever também não é o simples ato de grafar letras numa folha de papel, é o escrever dos atos cotidianos, é trabalhar, fazer; escrever nossa biografia na vida terrena, nosso destino. A estas duas qualidades Karl Konig dá o nome de transcendência (ler) e intencionalidade (escrever).
(...) O ser humano para se expressar e viver na Terra tem duas “direções” na sua encarnação: uma dentro do corpo e a outra dentro do mundo. Na primeira revelamos o “carma do passado”, encontramos nossas deficiências e doenças, nossos talentos e as boas disposições. Na segunda, revelamos o “carma do presente” e nos confrontamos com a natureza exterior que nos rodeia, com o cenário que nos foi preparado pelos deuses, com a cultura da época e do país dentro do qual encontraremos o ambiente para nosso desenvolvimento como ser terrestre e para delinearmos nosso carma do futuro.
As habilidades de ler e escrever cada criança traz consigo, no nascimento; elas são habilidades originais da alma humana. A encarnação no mundo pode ser vista como o gradual estabelecimento da leitura; a encarnação no corpo, o estabelecimento da escrita. Mas estas capacidades precisam de impulsos, de orientação e cuidados para se desenvolver. Assim, é “pela mão da mãe que a criança aprende a ler o mundo”; é “pela mão do pai que ela é levada à escrita”. (Karl Konig)
A leitura do mundo é apoiada no organismo sensorial; a escrita no movimento. Exatamente nesses dois âmbitos - o sensorial e o movimento - é que se tem a possibilidade de corrigir o desenvolvimento de uma criança. É através deles também que toda a educação se dá, que toda a vida na Terra é possível.
Extraído de : DIAS, Lucinda. Problemas de Aprendizagem – Procedimentos pedagógico-terapêuticos nas dificuldades de encarnação. Editora Antroposófica. 1995.
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