sábado, 15 de abril de 2023

Boa Leitura: "Tornar-se Adulto" (Carlo Lepri)

Em 2007, quando morávamos em Brasília, tivemos a feliz oportunidade de assistir a palestra e participar do lançamento do livro de Carlo Lepri, "Quem eu seria se pudesse ser".

Mudanças vieram nos anos seguintes, no mundo e na família. Vinícius está cada vez mais 'adulto', hoje tem 41 anos e carregamos toda uma bagagem de experiências.

Outro dia participamos de uma festa de Natal para portadores da Síndrome de Down e, na oportunidade, comprei um livro. Este da imagem ao lado: "Tornar-se Adulto". E qual não foi minha surpresa, quando me deparei com o mesmo autor de "Quem eu seria se pudesse ser".

Em "Tornar-se Adulto", o autor escreve (p.124): "Mas as coisas mudaram e, hoje, a única certeza que temos sobre o futuro é que ele será incerto para todos. Deixar de lado ideias de domínio e de onipotência, compartilhando essa fragilidade comum pode ser a utopia por meio da qual nos dirigimos para o futuro. Reconhecer que somos frágeis pode nos ajudar a ver as pessoas com deficiência não como um obstáculo, mas como um recurso para a comunidade, como pessoas que não estão necessariamente destinadas a ficarem à margem, no limbo, condenadas à insignificância social, mas como indivíduos que podem trazer contribuições para melhorarmos a nós mesmos e a sociedade, tornando-a mais acolhedora, tolerante e inclusiva.

Lançamento com Carlo Lepri, em Brasília

Fazer o acompanhamento  de pessoas com deficiência rumo à sua adultidade é uma tarefa entusiasmante no plano educativo, mesmo que ela signifique saber manter firme o olhar quando as coisas não correm como gostaríamos, principalmente quando as sereias que vivem na Terra do Nunca entoam seu canto persuasivo.

Isso não significa, porém, que perseguir a realização da vida adulta seja necessariamente uma facilitação na vida dessas pessoas. Viver uma vida de adulto significa uma vida mais consciente e digna, mas não necessariamente mais fácil. Quando ficamos adultos, como nos lembra o conto do Coelho de veludo e do Cavalo de couro, encontramos também dificuldades, desilusões, incompletude, limites e há grande chance de "chegarmos em mal estado" ao final da viagem.

O ingresso na fase adulta aumenta, através do confronto com a realidade, a consciência de si e das próprias necessidades, abrindo espaços imprevistos, novas exigências e novas necessidades.(...)

Quem assume o papel de fazer o acompanhamento deve estar consciente de que dentro de um problema que se resolve há sempre outro que está surgindo e que no mundo dos adultos não é possível agir como no mundo de Peter Pan, onde diante das dificuldades fingimos que não é nada e transformamos tudo numa brincadeira."   

Vinícius bem sabe...                      


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