Viver Down, viver up.
terça-feira, 18 de junho de 2024
NATAÇÃO para PNE-portadores de necessidades especiais
domingo, 8 de outubro de 2023
1% Melhor... a cada dia (Chris Nikic e Nik Nikic) - parte 2
E então o livro veio pelo Correio... um belo, maravilhoso presente! Gratidão, prima Teresa! Valeu a dica!
O Livro?
Autor: Chris Nikic e Nik Nikic
O livro conta a história de Nik e seu filho Chris, portador de Síndrome de Down. Os desafios foram vencidos através de treinos e rotinas estipulados pelo pai Nik e Chris foi o primeiro atleta Down a terminar o Mundial de IronMan em Kona, no Havaí. Foram 16 horas, 31 minutos e 28 segundos de braçadas, pedaladas e corrida intensa. O percurso foi de 3,8km de natação em mar aberto, 180 km de ciclismo e 42, 195 km de corrida: uma maratona com total de 226 km.
Livro na mão, solicitei então, para a amiga Sílvia Brum dos Santos, professora de inglês e tradutora, a tradução do Capítulo 7, do qual transcrevo algumas partes: Vamos fazer mais uma vez
Eu
sabia que Jacky acreditava no potencial que o Chris tinha para fazer grandes
coisas tanto quanto eu. Ela sempre dizia às pessoas: "Meu irmão tem uma
deficiência. Ele não é deficiente". Como jogava dominó com Chris,
sabia que seu irmão mais novo tinha o mesmo espírito competitivo que ela. Mas até
mais importante no modo de pensar de Jacky, Chris tinha algo especial para dar
ao mundo. Ele irradiava amor e alegria que deveriam ser compartilhados além de
nosso círculo familiar. “Algo vai acontecer na hora certa”, ela prometia. “Não
sei quando ou o que será, mas algo vai acontecer.”
E eu
sabia que apesar da Patty sempre querer proteger o Chris, ela também queria que
ele fosse feliz. Então, desta vez decidi adotar uma abordagem mais profissional
com Chris, definindo metas e aplicando ao seu treinamento de atletismo o
conceito 1% Melhor que usava no
treinamento de vendas.
Muhammad
Ali uma vez brincou dizendo que não começava a contagem dos abdominais até que
começasse a doer. Chris não era Muhammad Ali, portanto decidi medir e registrar
seu progresso desde o início. Também pensei no impacto poderoso que John Wooden
tinha causado em mim há muitos anos atrás. Como o treinador Wooden abordaria o
treino para um triatlo? Bom, com certeza ele não começaria visando o produto
final. O treinador Wooden se concentraria no processo de se tornar um atleta
melhor.
Ele manteria
o foco em desenvolver bons hábitos como componentes básicos do progresso ao
longo do tempo. Ele não apressaria as coisas, mas também não desperdiçaria
tempo. A única constante seria a mudança gradual – algo que o conceito 1% Melhor reconhece e adota.
Quando
Chris recomeçou o treinamento, tentei explicar a ele o conceito de 1% Melhor, mas ele não conseguia
entender. Então conversei com ele de forma a manter seu foco em melhorar um pouquinho
a cada dia. "Ei, amigo", eu dizia, "vamos nos divertir e melhorar
um pouquinho a cada dia e ver como nos saímos." Chris concordou. Então no
primeiro dia pedalamos uma milha. No dia seguinte fomos um pouco mais longe,
talvez mais uma milha ou até só mais meia milha. No dia seguinte devemos ter
nadado o comprimento da piscina e na próxima vez mais uma repetição. Cada vez
que fazíamos alguma coisa, sempre adicionávamos uma a mais. “Mais uma vez”
tornou-se nosso pequeno mantra naqueles primeiros meses para entrar em forma.
Por
exemplo, quando Chris trabalhou no fortalecimento do seu core com flexões,
abdominais e agachamentos, ele começou com uma vez de cada. Depois, uma segunda
série de uma repetição e, por fim, ele chegou a quatro séries de cinquenta. Se
ele fizesse quatro séries de quarenta na segunda-feira, na terça eu diria:
"Chris, faça 1% a mais hoje".
Ele
sabia que precisava fazer quatro séries de quarenta e um. Adicionar mais um na
série ficou viável para Chris, já que
ele tinha um ou dois dias de descanso entre elas. Se o Chris fizesse dez séries
de dez voltas pela vizinhança em sua bicicleta num sábado, no sábado seguinte
ele fazia dez séries de onze voltas.
Existem quatro modalidades de triatlos oficialmente reconhecidas. Os iniciantes que recém entraram no cenário do triatlo geralmente começam a competir nos chamados "sprints". Os triatlos sprint incluem 750 metros de natação, 20 quilômetros de ciclismo e 5 km de corrida. A modalidade sprint é um evento perfeito para iniciantes, mas também oferece desafio suficiente para atletas de todos os níveis que procuram aprimorar a forma e ganhar mais experiência de corrida.
Os
triatlos olímpicos exigem 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de
corrida, ou seja, exatamente o dobro da duração da modalidade sprint. A partir
daí, atletas muito ambiciosos podem tentar participar da modalidade Meio-IRONMAN,
que inclui 1.9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida. E os
atletas mais ambiciosos ainda podem tentar o triatlo IRONMAN, cuja distância
total soma 226 km.
Durante
vários meses, continuei a medir o progresso de Chris, um pouco de cada vez
quando nós treinávamos. Também registrei sua melhora a cada evento. Ele fez seu
primeiro triatlo de sprint em 148 minutos e, depois de mais três provas de
sprint terminou em 100 minutos. Quando fiz as contas, pasmem, descobri que ele
estava melhorando a um ritmo de cerca de 1% a cada dia.
Mas
Chris não estava apenas melhorando – ele estava se divertindo muito. Como sua
mãe, Chris é uma pessoa muito sociável, portanto, a presença de centenas de
pessoas no sprint de Clearwater foi emocionante para ele. Quando fomos nos
inscrever na corrida, notamos uma barraca onde as pessoas poderiam ir após o
término da corrida e ganhar uma massagem. Chris viu uma mulher loira preparando
as mesas de massagem e foi até lá perguntar o que ela estava fazendo. Ela respondeu
que estava se preparando para fazer massagens nos participantes após o término
das corridas. Bom, estávamos lá visitando-a antes de começar a corrida, mas
Chris não pareceu se importar e perguntou se poderia ganhar uma massagem
rápida. Ela disse: “Claro” e fez a massagem nele. Não é preciso dizer que ele deu
mais uma passadinha lá depois da corrida para ganhar outra massagem. Chris
adora a energia que envolve qualquer tipo de evento atlético. Ele também gosta
da atenção que recebe como um dos atletas.
Em
2019, Chris correu em seis sprints, quatro eventos das Olimpíadas Especiais e
dois patrocinados por um clube de triatlo local. Os triatlos são eventos
difíceis de realizar para qualquer organização. Eles exigem acesso a um lago e
a um local onde você possa fazer o percurso de bicicleta e o de corrida. Os
organizadores frequentemente precisam fechar estradas ao trânsito, o que exige
a contratação de policiais para monitorar os cruzamentos.
Há
também a questão do seguro. Para aumentar o número de eventos oferecidos aos
atletas, as Olimpíadas Especiais às vezes fazem parceria com clubes locais que
realizam os eventos. Os clubes estabelecem suas próprias modalidades de corrida
para os atletas das Olimpíadas Especiais. Fora isso, as corridas são idênticas,
com as mesmas distâncias e limites de tempo.
Em
agosto de 2019, Chris correu um triatlo de sprint de 26 km em um evento das
Olimpíadas Especiais na Flórida. Ele disse que estava se sentindo um pouco
desanimado naquele dia, um pouco lento. Sua marca de 1 hora e 41 minutos lhe
rendeu o último lugar entre os atletas das Olimpíadas Especiais que competiram
naquele dia e o último entre todos os participantes.
Como o
nosso objetivo era correr, ser saudável e independente, ao invés de levar para
casa muitos troféus, Chris ficou orgulhoso por terminar a corrida. Apesar de
Chris ser geralmente uma pessoa feliz, ganhando ou perdendo, ele também é um
jovem orgulhoso que na verdade não gosta de terminar em último lugar,
especialmente quando sua namorada era ginasta e foi escolhida para competir nos
Jogos Mundiais Olímpicos Especiais
em Abu Dabi. Ele estava terminando em último e ela estava marcando sua passagem.
Eu senti a dor dele, então começamos a pensar mais em objetivos de longo prazo.
Talvez
pudéssemos trabalhar bastante por uns dois anos com o objetivo de competir nos
Jogos Olímpicos Especiais dos EUA em 2022, que deveriam acontecer em Orlando.
Se ele se saísse bem lá, ficando entre os três primeiros colocados, talvez
tivesse a chance de ir para a Alemanha em 2023 para competir nos Jogos Mundiais
de Berlim. Às vezes é assim que a inspiração chega. Você vê outras pessoas ao
seu redor realizando maravilhas e recebendo muita atenção merecida, e também fica
um pouco inspirado. Você diz a si próprio, eu também quero um pouco disso! Se eu superar a todos como acho que posso,
por que deveria assistir dos bastidores enquanto eles recebem toda a atenção?
Chris
e eu começamos a conversar sobre entrar de cabeça nos triatlos como uma forma de
atingir as Olimpíadas Especiais dos EUA
e depois os Jogos Mundiais. Entre agosto e outubro nós aumentamos o ritmo e o
rigor do treino dele. Em outubro, ele se juntou a centenas de pessoas para
nadar mil metros em um lago perto de onde moramos. Essa distância excedia a de
um sprint de nível olímpico. Não era uma corrida competitiva, mas todas as
semanas as pessoas apareciam e nadavam juntas atravessando o lago. O patrocinador
deste evento de natação é dono de uma casa perto da orla onde os nadadores terminam
o nado. De acordo com a tradição, a primeira vez que uma pessoa completa o nado
de ida e volta, é convidada a assinar seu nome na parede da casa dele.
Sinceramente,
acho que nossas conversas sobre os Jogos Mundiais passaram pela sua mente quando
ele completou a travessia do lago a nado, porque assinou seu nome como “Chris
Campeão Mundial”. Talvez ele quis dizer campeão mundial literalmente, mas quem
sabe pode ter querido dizer: "Chris Nikic, um cara incrível que está
realizando seus sonhos!"
Depois
de sua grande travessia do lago a nado era hora de Chris enfrentar algo um
pouco maior. Eu estava registrando todos os seus treinos e percebi que ele simplesmente
continuava a melhorar em média 1% ao dia em tudo, de flexões ao ciclismo,
natação e corrida. Ele estava melhorando tão rápido que comecei a me perguntar do
quanto ele era capaz de realizar.
Tomamos
a decisão de passar novembro e dezembro preparando-o para tentar seu primeiro Triatlo
Olímpico em Sarasota, Flórida. O evento aconteceu dia 6 de janeiro de 2020. Em apenas
três meses, ele passaria de 26 para 51,5 km em uma corrida. Significava que
tínhamos cerca de sessenta dias para preparar Chris para uma corrida que durava
mais que o dobro daquela a que ele estava acostumado. Os triatletas lhe dirão
que conforme você avança de uma distância para outra, o grau de dificuldade não
aumenta 100%, mas de 300 a 500%. Portanto, passar da modalidade Sprint para uma
Olimpíada não é duas vezes mais difícil, mas várias vezes mais difícil. O mesmo
se aplica ao passar do Triatlo Olímpico para o triatlo Meio-IRONMAN e daí para
o IRONMAN final.
Faz
sentido: quando você corre um Sprint, você começa do zero e fica exausto ao
terminar a corrida. Quando você corre uma Olimpíada, depois de terminar o
Sprint, exausto, precisa correr outro Sprint!
Tivemos
a sorte de adicionar outro membro à equipe de Chris - Dan Grieb. Dan tinha uma
equipe imobiliária de sucesso na Flórida e também era triatleta veterano e
competidor de triatlo IRONMAN. Depois de fazer uma fortuna nos negócios, ele
estava procurando um projeto voluntário significativo e, resumindo a história,
descobriu Chris. Dan correu com Chris durante o triatlo de janeiro, e os dois
têm treinado juntos desde então.
Chris
e Dan terminaram o triatlo Olímpico em quatro horas e meia. Este foi o momento
em que tudo começou a mudar num ritmo mais rápido e romperam-se os limites. Uma
de suas melhores amigas, Abigail, que nascera com seis dias de diferença de
Chris e também tinha síndrome de Down, postou seus parabéns no Facebook. Essa postagem
teve cerca de dezessete mil visualizações. E o que Jacky havia previsto
simplesmente aconteceu: Chris começara a se afirmar num palco maior.
Enquanto
Chris se preparava para fazer um triatlo Olímpico, outra grande mudança aconteceu
em meus próprios pensamentos. Comecei a comparar a forma como via e tratava
Chris com a forma como via e tratava Jacky. Veja bem, eu via a Jacky como uma
pessoa talentosa, e a tratava como tal. Eu investia bastante tempo treinando a Jacky
para que aplicasse seus dons, e foi exatamente isso que ela fez. Mas eu via e
tratava Chris como especial, então eu o protegia. Naquele momento percebi que
eu era o problema e a solução.
Por
isso decidi que a partir de então iria ver e tratar Chris como talentoso, assim
como Jacky. Nossa, como o meu mundo e o dele mudaram quando substituí apenas
uma palavra em nosso vocabulário! Nessas alturas, pelo menos na minha cabeça,
íamos fazer um triatlo IRONMAN. Eu pensei: vou
levar Chris em uma jornada mental e física e ver até que ponto podemos chegar.
Vejo algo nele que ninguém mais está conseguindo enxergar. Eu quero dar a ele uma
chance sem ninguém pra plantar uma semente negativa nele.
Uma
das coisas que o método 1% Melhor ensina é que você precisa controlar o
controlável. Se eu queria ajudar o Chris a maximizar seu potencial, tinha que
ajudá-lo a criar hábitos que melhorassem não só seu treinamento, mas também sua
dieta, sono e força mental. Também teria que monitorar seu progresso. Isto
significava, numa dimensão maior do que eu imaginara, limitar o acesso de
certas pessoas a ele e garantir que quem se relacionava com ele - incluindo a
sua própria família - falasse com ele de uma forma positiva. Eu não estava
preocupado se as pessoas diriam coisas ofensivas ou mesquinhas para ele. Acreditava
que as pessoas poderiam dar a perceber ao Chris que algo em seu meio estava
fora de alcance. Há muito tempo ele vinha ouvindo sobre coisas que estavam fora
de seu alcance. Era hora de parar com aquilo, especialmente agora que Chris
estava prosperando.
É claro
que eu não governava em regime de ditadura. Chris e eu estamos sempre trocando
opiniões. Negociamos tudo juntos. Eu sempre pedia sua opinião sobre as coisas e
ele sempre pedia a minha. Como seu pai, muitas vezes dou minha opinião, quer ele
a peça quer não.
Mas
esse é o meu trabalho e vai além de ser pai! Passei trinta anos trabalhando
como coach corporativo. Estou acostumado a trabalhar junto às pessoas e me
comunicar honestamente com elas. Não sei por quem ele puxou, mas o Chris é
teimoso e tem um temperamento forte. Ele definitivamente tem suas próprias ideias.
Mas descobri que ele também é um excelente aluno, disposto a ser treinado e
admite que ofereço a sabedoria e o conhecimento frutos de anos de experiência.
Na verdade, atribuo grande parte do sucesso de Chris ao fato de ele ser a
pessoa mais disposta a ser treinada que já treinei em minha vida.
Chris
me disse que queria ser campeão mundial em alguma coisa, então, na véspera do
Ano Novo de 2019, pedi a Chris que anotasse os seus sonhos. Ele escreveu que
queria comprar seu próprio carro e uma casa própria e se casar com uma mulher tão
maravilhosa quanto sua mãe. Depois que o Chris listou seus sonhos, eu lhe disse
que se ele ficasse sentado no sofá o dia todo assistindo TV e jogando
videogame, nunca realizaria seus sonhos. Se ele corresse um triatlo IRONMAN e
se tornasse palestrante motivacional, teria a chance de realizar seus sonhos. Teria
que manter esses sonhos à frente e no centro em sua mente, especialmente quando
o treino ficasse difícil.
Quando
contei a Patty e Jacky sobre meu plano de preparar Chris para uma corrida
IRONMAN, elas responderam de forma previsível. Patty estava claramente incomodada
com a ideia. Jacky aumentou a aposta perguntando se eu estava “maluco”. Quando
eu lhes disse que faltavam
apenas onze meses para a corrida que planejávamos fazer, Patty franziu a testa
e Jacky fuzilou um olhar de “que diacho...?” “Um atleta bem condicionado
precisaria mais do que onze meses para treinar para o IRONMAN total”, protestou
Jacky. "E você quer que Chris faça isso? Você é louco!" Ah, estávamos
falando muito sério, assegurei a ela.
Chris
foi ajudado por um pequeno círculo de pessoas que se amam e confiam umas nas
outras. Nós forçamos o que era possível e nossas histórias de vida se mesclam
de forma mágica. Ao ajudar Chris a realizar seus sonhos, ao continuar a lutar
pela melhoria contínua, mesmo que fosse apenas de 1% ao dia, nossa experiência constitui
um modelo que outras pessoas podem seguir enquanto buscam melhorar suas vidas,
seu trabalho e seus esforços. Acho que finalmente coloquei o diploma de
engenharia pra funcionar.
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
1% Melhor... a cada dia (Chris Nikic e Nik Nikic) - parte 1
"Oi! Tenho aqui um livro que achei pudesse interessar a você. Posso enviar-te um exemplar?"
E então o livro veio pelo Correio... um belo, maravilhoso presente! Gratidão, prima Teresa! Valeu a dica!
O Livro?
Autor: Chris Nikic e Nik Nikic
O livro conta a história de Nik e seu filho Chris, portador de Síndrome de Down. Os desafios foram vencidos através de treinos e rotinas estipulados pelo pai Nik e Chris foi o primeiro atleta Down a terminar o Mundial de IronMan em Kona, no Havaí. Foram 16 horas, 31 minutos e 28 segundos de braçadas, pedaladas e corrida intensa. O percurso foi de 3,8km de natação em mar aberto, 180 km de ciclismo e 42, 195 km de corrida: uma maratona com total de 226 km.
Livro na mão, solicitei então, para a amiga Sílvia Brum dos Santos, professora de inglês e tradutora, a tradução do Capítulo 7, do qual transcrevo algumas partes: Vamos fazer mais uma vez
Quando Chris e eu retomamos nossa rotina de exercícios em 2018, eu estava lendo bastante sobre o potencial atlético de pessoas com síndrome de Down e descobri vídeos de uma ginasta chamada Chelsea Werner. Ela foi campeã nas Olimpíadas Especiais dos EUA quatro vezes e duas vezes campeã nos Jogos Mundiais Olímpicos Especiais, para depois seguir carreira de modelo. Assisti a um vídeo dela fazendo flexões, abdominais e giros em barras de equilíbrio e pensei: Puxa vida! Lá estava alguém que podia fazer o que 99% das pessoas não conseguia, quer tivessem alguma deficiência ou não. As conquistas de Chelsea lhe davam um ar de confiança e poder somadas a sua beleza. Esses vídeos da Chelsea mostravam exatamente o que eu procurava: um exemplo do que as pessoas como Chris conseguem fazer quando têm o privilégio de ter alguém com expectativas mais elevadas para com elas.
Logo que comecei a pensar dessa forma, uma mulher chamada Victoria Johnson, do escritório das Olimpíadas Especiais da Flórida, nos ligou perguntando se o Chris estaria interessado em entrar para um programa piloto para triatletas. “Nós estamos tentando conseguir atletas que possam fazer o triatlo”, disse Victoria. “Sabemos que é exigir o máximo, mas achamos que nossos atletas podem fazê-lo. O que você acha?" Pensei por um décimo de nanossegundo e respondi que sim. As Olimpíadas Especiais tinham feito um chamado e consegui inscrever alguns atletas, incluindo meu filho. Era hora de tirá-lo do sofá e pra longe dos videogames, e agora ele teria um programa concreto para dar uma estrutura aos seus exercícios.
Lembro-me de quando dei a notícia para minha família numa noite em que Jacky estava nos visitando. Ela já tinha se formado em Dartmouth, onde estudara economia, design digital e jogava basquete, e tinha voltado para a Flórida. Agora uma personal trainer certificada, ela administrava seu próprio negócio como coach de fitness e nutrição, ao mesmo tempo em que trabalhava comigo como coach de vendas na Otimização de Vendas. Jacky será a primeira pessoa a lhe dizer que a missão dela é ajudar as pessoas a conseguirem o corpo que desejam para se sentirem melhor - e que focar no treinamento de força, em desenvolver o tônus muscular e adotar hábitos alimentares saudáveis é a forma mais segura de atingir esses objetivos.
sábado, 15 de abril de 2023
Boa Leitura: "Tornar-se Adulto" (Carlo Lepri)
Mudanças vieram nos anos seguintes, no mundo e na família. Vinícius está cada vez mais 'adulto', hoje tem 41 anos e carregamos toda uma bagagem de experiências.
Outro dia participamos de uma festa de Natal para portadores da Síndrome de Down e, na oportunidade, comprei um livro. Este da imagem ao lado: "Tornar-se Adulto". E qual não foi minha surpresa, quando me deparei com o mesmo autor de "Quem eu seria se pudesse ser".
Em "Tornar-se Adulto", o autor escreve (p.124): "Mas as coisas mudaram e, hoje, a única certeza que temos sobre o futuro é que ele será incerto para todos. Deixar de lado ideias de domínio e de onipotência, compartilhando essa fragilidade comum pode ser a utopia por meio da qual nos dirigimos para o futuro. Reconhecer que somos frágeis pode nos ajudar a ver as pessoas com deficiência não como um obstáculo, mas como um recurso para a comunidade, como pessoas que não estão necessariamente destinadas a ficarem à margem, no limbo, condenadas à insignificância social, mas como indivíduos que podem trazer contribuições para melhorarmos a nós mesmos e a sociedade, tornando-a mais acolhedora, tolerante e inclusiva.
Lançamento com Carlo Lepri, em Brasília |
Isso não significa, porém, que perseguir a realização da vida adulta seja necessariamente uma facilitação na vida dessas pessoas. Viver uma vida de adulto significa uma vida mais consciente e digna, mas não necessariamente mais fácil. Quando ficamos adultos, como nos lembra o conto do Coelho de veludo e do Cavalo de couro, encontramos também dificuldades, desilusões, incompletude, limites e há grande chance de "chegarmos em mal estado" ao final da viagem.
O ingresso na fase adulta aumenta, através do confronto com a realidade, a consciência de si e das próprias necessidades, abrindo espaços imprevistos, novas exigências e novas necessidades.(...)Quem assume o papel de fazer o acompanhamento deve estar consciente de que dentro de um problema que se resolve há sempre outro que está surgindo e que no mundo dos adultos não é possível agir como no mundo de Peter Pan, onde diante das dificuldades fingimos que não é nada e transformamos tudo numa brincadeira."
Vinícius bem sabe...
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
Prevenção de acidentes - dicas preciosas
Férias chegando. Viagens em família programadas. Colônia de férias, praia piscina. Nesta época do ano, em especial, todos os cuidados são poucos. Então vamos reforçar a prevenção de acidentes com algumas dicas.
quinta-feira, 21 de outubro de 2021
terça-feira, 5 de outubro de 2021
TDAH e síndrome de Down
Estamos em tempo de pandemia, situação que não vivíamos desde que a gripe suína (H1N1) assolou o mundo e causou pânico e medo. O novo Coronavírus (COVID 19) doença infecciosa que se espalhou rapidamente por todos os continentes fez com que, durante pelo menos um ano e meio, as pessoas ficassem reclusas em suas casas, sem socializar com seus pares, sem ir para o trabalho, sem frequentar escola. O momento pandemia também fez com que alguns transtornos aflorassem e ficassem mais evidentes. O estar próximo, a observação do dia a dia, as percepções sobre o outro, lançaram novos olhares sobre os transtornos comportamentais e as várias formas de tratamento.
Imagem: CCO Creative Commons |
Síndrome de Down e hiperatividade
Há muito pouca literatura sobre síndrome de Down e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Uma das razões é que o pediatra, ou psiquiatra infantil, vai relutar em fazer esse diagnóstico quando a criança já tem uma deficiência de desenvolvimento. Além disso, o peso dos sintomas pode ser exagerado por um avaliador que não leve em consideração o nível de atraso de desenvolvimento da criança.
Mas, apesar disso, existem crianças com síndrome de Down que sofrem de TDAH e podem se beneficiar se o diagnóstico for feito e elas receberem o tratamento adequado. Na minha experiência, crianças com síndrome de Down que sofrem de TDAH podem desenvolver um comportamento difícil e, às vezes, agressivo, difícil de administrar em casa e na escola. Portanto, deve-se considerar esse diagnóstico no caso de uma criança particularmente difícil.
O que é TDAH?
Existem três grupos de sintomas do transtorno normalmente descritos nas crianças em desenvolvimento:
1. Problemas de concentração ou para prestar atenção (déficit de atenção)
2. Ser muito ativo (hiperatividade)
3. Agir antes de pensar (ser impulsivo)
O diagnóstico pode ser feito por um psiquiatra com base em critérios já estabelecidos de descrição dos comportamentos. Não há exame de sangue ou qualquer maneira objetiva de determinar que uma criança tem TDAH. Acredita-se, no entanto, que o transtorno seja bastante comum e estima-se que entre 3% e 8% das crianças do Reino Unido e dos Estados Unidos podem ter TDAH. Estima-se que o transtorno afete os meninos três vezes mais do que as meninas e alguns estudos indicam que pode haver um componente genético no TDAH.
Três tipos de transtorno são considerados: de desatenção, onde a atenção e o cumprimento das tarefas é o maior problema; o tipo hiperativo-impulsivo, em que a criança é muito ativa e muitas vezes age sem pensar; e o tipo combinado, onde a criança é desatenta, hiperativa e impulsiva.
É mais difícil fazer um diagnóstico correto do TDAH em crianças com alguma deficiência. Em uma criança típica, é avialiado se a criança apresenta comportamento mais desatento, impulsivo ou hiperativo do que outras crianças da sua idade. Em uma criança com síndrome de Down, é preciso levar em conta o atraso no desenvolvimento, na fala e linguagem.
Existe tratamento eficiente?
Há dois principais modos de tratar o transtorno, administrando o comportamento da criança e usando remédios. A estratégia de administrar o comportamento inclui elogiar o “bom” comportamento quando a criança presta atenção, fica parada, usando apoio visual e agendas visuais sempre que possível, ajudando a criança a planejar e antecipando as demandas. Essas estratégias podem soar familiares a pais de crianças com síndrome de Down e seus professores. Entre os remédios que podem ser receitados estão a Ritalina e a Dexedrina, entre outros.
Normalmente são usados os dois tratamentos e, segundo alguns pais, o remédio ajuda a acalmar a criança para que ela possa prestar atenção e se beneficiar dos programas de comportamento e educação.
Como pode ser difícil para um médico ter certeza de que a criança sofre do transtorno, é possível testar um remédio para se chegar ao diagnóstico. Não necessariamente o remédio precisa ser tomado por um longo período de tempo e ele pode ser suspenso se não trouxer nenhum benefício ou se aparecerem efeitos colaterais.
Fonte: Down Syndrome Education Online – autora: Sue Buckley
Texto extraído na íntegra do site http://www.movimentodown.org.br/